domingo, 14 de abril de 2019

71 erros de português que precisam sumir dos seus e-mails

Escrever um e-mail não deveria ser uma coisa tão penosa. Não deveria ser aquele momento em que você excomunga o idioma porque hesita entre uma e outra forma de grafar as palavras. Não deveria ser como assumir um risco. Acima de tudo, não deveria ser um novo 7 a 1 todos os dias. Por isso, preparamos uma lista com os 71 erros de português e dúvidas ortográficas mais comuns em e-mails! Mais do que esclarecer suas dúvidas, você vai se espantar com algumas expressões que usa, mas que estão fora da norma gramatical. Guarde esta lista, caso se esqueça de algo, e aproveite para a compartilhar com seus colegas! Ah, aproveite também para ler este artigo sobre o substituto do e-mail: o software de gestão do trabalho. Já ouviu falar? Empresas do mundo todo estão substituindo o e-mail por essas ferramentas, e transformando a maneira como as pessoas trabalham.

a) Depende do contexto

1. Ao invés de / Em vez de
“Em vez de” é usado como substituição. Ex: São Paulo em vez de BH.
“Ao invés de” é usado como oposição. Ex: Grande ao invés de pequeno.
2. De encontro a / Ao encontro de
“Ao encontro de” expressa harmonia. Ex: Obrigada! Sua ajuda veio ao encontro do que eu precisava.
“De encontro a” expressa embate. Ex: Brigaram porque a opinião dele ia de encontro ao que ela acreditava.
3. Através de / Por meio de
“Por meio de” é o mesmo que “por intermédio”. Ex: Conseguimos por meio de muito trabalho.
“Através de” expressa a ideia de atravessar. Ex: Olhava através da janela.
4. Em princípio / A princípio
“A princípio” equivale a “no início”. Ex: A princípio, achei que não seria capaz.
“Em princípio” equivale a “em tese”. Ex: Em princípio, todo homem é igual perante a lei.
5. Se não / Senão
“Senão” significa “caso contrário” ou “a não ser”. Ex: Me avise, senão vou esquecer. Não fez senão o prometido.
“Se não” é usado para expressar uma condição. Ex: Se não puder, nos avise antes.
6. Retificar / Ratificar
“Ratificar” é o mesmo que confirmar. Ex: Os dados ratificaram a previsão.
“Retificar” é o mesmo que corrigir, emendar. Ex: Vou retificar os dados da empresa.
7. À medida que / Na medida em que
“Na medida em que” equivale a “porque”. Ex: Cancelamos a reunião na medida em que a negociação havia sido adiada.
“À medida que” mostra relação de proporção. Ex: A produtividade aumenta à medida que a equipe usa a ferramenta.
8. Eminente / Iminente
“Eminente” significa “excelente”. Ex: É uma professora eminente.
“Iminente” significa deverá acontecer em breve. Ex: O sucesso do projeto é iminente.
9. Bastante / Bastantes
O uso mais comum de “bastante” é como advérbio de intensidade, como “muito”. Ex: Andei bastante rápido para chegar a tempo.
Mas “bastante” também pode ser um adjetivo, sinônimo de “suficiente”, e neste caso concorda com o substantivo a que se refere. Ex: Recebo bastantes e-mails todos os dias.
10. Sessão / Seção
“Sessão” com “ss” quer dizer o tempo de um evento. Ex: Sessão de cinema, ou sessão de acupuntura.
“Seção” com “ç” quer dizer “departamento” ou “divisão”. Ex: A seção de arte moderna do museu, ou a seção de carnes do supermercado.
11. Tachar / Taxar
“Tachar” com “ch” é “censurar”, “rotular”. Ex: Foi tachado de louco.
“Taxar” com “x” é receber taxa, imposto. Ex: Grandes fortunas serão taxadas.
12. Trás / Traz
“Trás” só existe na expressão “Para trás”.
Se você está se referindo ao verbo “trazer”, lembre-se da letra z nele e use sempre “traz”.
13. Descrição / Discrição
“Descrição” é o detalhamento de algo. Ex: Não havia uma descrição clara do trabalho.
“Discrição” é a qualidade do que é discreto, não chamativo. Ex: É bom ter discrição durante a negociação.
14. Afim / A fim de 
“A fim de” indica ideia de finalidade. Ex: Irei ao evento a fim de praticar o networking.
“Afim” é um adjetivo, o mesmo que “semelhante”. Ex: Temos ideias afins.
15. Desapercebido / Despercebido
“Despercebido” significa “sem atenção”. Ex: A mudança passou despercebida.
“Desapercebido” significa desprovido, desprevenido. Ex: Estava desapercebido de dinheiro.
16. De mais / Demais
“Demais” significa “excessivamente”. Também pode significar “os outros”, na expressão “os demais”.
“De mais” se opõe a “de menos”. Ex: Uns têm privilégios de mais; outros de menos.
17. Tão pouco / Tampouco
Tampouco corresponde a “também não”, “nem sequer”. Ex: Ele não fez o que pedi, tampouco o que você pediu.
Tão pouco corresponde a “muito pouco”. Ex: O fim de semana foi delicioso, mas durou tão pouco.
18. Mau / Mal
Mal opõe-se a bem. Ex: Acordo mal-humorada. Estava malfeito.
Mau opõe-se a bom. Ex: Hoje é um mau dia para conversarmos.
19. Obrigado / Obrigada
Homens dizem “obrigado”. Mulheres dizem “obrigada”.
20. Descriminar / Discriminar
“Discriminar” significa “separar” e também “discernir”. Ex: Discriminar por orientação sexual é desprezível. As notas fiscais já foram discriminadas.
“Descriminar” significa “inocentar” e também “descriminalizar”. Ex: A juíza descriminou o réu.
21. A cerca de / Acerca de
“Acerca de” é o mesmo que “a respeito de”. Ex: Deveríamos discutir mais acerca de política. Já “a cerca de” indica aproximação. Ex: Moro a cerca de 3Km daqui.
Persona_Marcelo_02

b) A forma correta é a segunda

22. Responder o e-mail / Responder ao e-mail
Lembre-se que o sentido é “dar resposta a alguém”, portanto, sempre acompanha a preposição “a”.
23. Seguem as imagens em anexo / Seguem anexas as imagens
Para a maior parte dos linguistas, é preferível adotar a expressão “no anexo”, ou ainda, usar a palavra “anexo” como adjetivo, concordando com número e gênero do substantivo a que se refere. No exemplo, o substantivo “imagens” está no feminino e no plural, gerando, portanto, “anexas”.
24. Visar o objetivo / Visar ao objetivo
O verbo visar, no sentido de almejar, pede a preposição “a”. No entanto, quando ele está junto de outro verbo, dispensa-se a preposição. Ex: Visamos viajar para o exterior este ano.
25. Precisar de fazer / Precisar fazer
Assim como o verbo anterior, “precisar” só vem junto da preposição “de” quando há um substantivo. Ex: Precisamos de mais foco. Precisavam tirar umas férias.
26. Media a reunião / Medeia a reunião
Lembre-se dos outros verbos irregulares com final “-iar”: ansiar, incendiar e odiar. Por maior que seja seu ódio, você não diz: “Eu odio”.
27. Interviu, interviram / Interveio, intervieram
O verbo “intervir”, assim como “convir”, se conjuga como o verbo “vir”.
28. Quando dispor / Quando dispuser
O verbo “dispor”, assim como “repor”, “propor” se conjuga como o verbo “pôr”.
29. Preveu, preveram / Previu, previram
O verbo “prever”, assim como “rever”, se conjuga como o verbo “ver”.
30. Tinha chego, Tinha trago / Tinha chegado, Tinha trazido
“Chego” e “trago” só existem na expressões “Eu chego” e “Eu trago”.
31. Foi imprimido, Tinha impresso / Foi impresso, Tinha imprimido
O verbo ser pede o particípio irregular, que não termina em -do. Por isso se diz “foi impresso” e não “foi imprimido”. O verbo ter pede o particípio regular. Por isso se diz “tinha acendido” e não “tinha aceso”.
32. A curto, médio, longo prazo / Em curto, médio, longo prazo
A expressão exige a preposição “em”.
33. Por hora / Por ora
A palavra “ora” não só existe como significa “agora”.
34. Quando ver / Quando vir
“Quando vir” se refere ao verbo ver no futuro e na condicional. Ex: Quando eu te vir, vou te dar um abraço apertado! Além disso, “quando ver” não existe.
35. Eu quiz / Eu quis
A menos que você se refira a um quiz (aqui estão vários!), escreva “quis”.
36. A nível de / Com relação a
“A nível de” é uma expressão coringa, que não tem sentido próprio. Procure substituir, por ex., “a nível de Brasil” por “a nível nacional”, ou ainda melhor, por “com relação ao Brasil”. Em outros casos, a expressão é inútil. Em vez de dizer “problemas a nível de foco”, diga apenas “problemas de foco”.
37. Benvindo / Bem-vindo
Mesmo após a última reforma ortográfica, a palavra continua sendo grafada com hífen.
38. Esquecer da reunião / Esquecer-se da reunião
O verbo “esquecer” só é usado com a preposição “de” quando vem acompanhado de um pronome oblíquo (me, te, se, nos…). O mesmo vale para o verbo “lembrar”.
39. Fazem dez anos / Faz dez anos
No sentido de tempo decorrido, o verbo “fazer” só é usado no singular.
40. A dois anos / Há dois anos ou Dois anos atrás
Para indicar tempo passado, usa-se o verbo haver. O “a”, como expressão de tempo, é usado para indicar apenas tempo futuro ou distância. Ex: Falarei com o diretor daqui a cinco dias. Ele mora a duas horas do escritório.
41. Haviam muitos, Vão haver muitos / Havia muitos, Vai haver muitos
No sentido de existir, o verbo “haver” fica sempre no singular. Já nas locuções verbais, ele concorda com o sujeito. Ex: Elas haviam feito um ótimo trabalho.
42. Estamos quite / Estamos quites
“Quite” deve concordar com o sujeito a que se refere. Ex: Estou quite com você.
43. Aonde está / Onde está
“Onde” se refere a um lugar em que alguém ou alguma coisa está. “Aonde” é formado pela preposição “a”, porque indica movimento. Quem vai vai a algum lugar. Nessa mesma lógica, não existe a expressão “daonde”, pois quem vem vem de algum lugar. Existe apenas “de onde”.
44. Assistir a palestra / Assistir à palestra
O verbo assistir, no sentido de ver, exige a preposição “a”. Caso contrário, significa “ajudar”. Ex: A enfermeira assistiu o paciente por horas.
45. Admite-se vendedores / Admitem-se vendedores
Quem admite admite “algo”. Quando isso ocorre, o verbo é chamado de transitivo direto. Direto porque não há preposição entre ele e o objeto da frase, como acontece por exemplo na frase “Precisa-se de vendedores”, em que há a preposição “de”. Assim sendo, quando o verbo é transitivo direto, ele concorda com o sujeito da oração, que no nosso exemplo é “vendedores”, no plural. Portanto, “Admitem-se vendedores”.
46. Precisam-se de vendedores/ Precisa-se de vendedores
Quem precisa precisa “de algo”. Isso classifica o verbo “precisar” como transitivo indireto. Quando isso ocorre, o verbo fica no singular.
47. Implicar em retrabalho / Implicar retrabalho
O verbo “implicar” tem sentido de “requerer” e também de “acarretar” e, em ambos casos, não admite preposição.
48. Somos em cinco / Somos cinco
Não se usa a preposição “em” nessa expressão.
49. Entre eu e você / Entre mim e você
“Entre eu” só pode ser usado antes de um verbo no infinitivo. Ex.: “Passou-se um bom tempo entre eu começar o trabalho e você me ajudar.”
50. Eles tem / Eles têm
Tem refere-se à 3ª pessoa do singular do verbo “ter” no Presente do Indicativo. Têm refere-se ao mesmo tempo verbal, porém na 3ª pessoa do plural. Vêm, Convêm e Retêm
51. Chegar em São Paulo / Chegar a São Paulo
Verbos de movimento exigem a preposição “a”.
52. Preferir… do que / Preferir… a
A regência do verbo preferir é com a preposição “a” e não “do que”.
53. Meio-dia e meio / Meio-dia e meia
O correto é meio-dia e meia, pois o numeral fracionário concorda em gênero com a palavra hora.
54. Meia ansiosa / Meio ansiosa
A menos que você esteja dizendo que a meia do seu pé está ansiosa, o correto é no masculino, sempre que quiser dizer “um pouco”. No sentido de “metade”, concorde com o substantivo. Ex: Meia hora, meia xícara de chá.
55. Menas / Menos
“Menas” não existe.
56. Perca de tempo / Perda de tempo
“Perca” é verbo. Ex: Não quero que você perca sua fé em mim. “Perda” é substantivo. Foi uma perda incalculável.

Persona_Marcelo_01

c) Abandonando pleonasmos

57. Na minha opinião pessoal = Na minha opinião
58. Repetir de novo = Repetir
59. Multidão de gente = Multidão
60. Encarar de frente = Encarar
61. Duas metades iguais = Metades
62. Preferir mais = Preferir
63. Há anos atrás = Há anos ou Anos atrás

d) Descomplicando o uso da crase

Motivo de erros de português há gerações, a crase é simplesmente quando duas letras se fundem numa só: a preposição “a” e o artigo feminino “a”.
Algumas pessoas inclusive preferem ler “à” como “a a”. Tendo isso em mente, fica bem mais fácil entender quando a crase é necessária.
Veja alguns erros:
64. De segunda à sexta / De segunda a sexta
Você está dizendo “De segunda até sexta” e não “De segunda até a sexta”. Portanto, não há duas vezes o “a”. Logo, não faz sentido haver crase.
65. Das 17 até às 18h / Das 17 às 18h
É o mesmo caso que acabamos de explicar.
66. À partir de / A partir de
Nenhum verbo exige crase antes.
67. À prazo / A prazo
Prazo é uma palavra masculina e, portanto, não acompanha o artigo feminino “a”, necessário para haver crase.
68. Refiro-me aquilo / Refiro-me àquilo
As palavras “aquilo” e “aquele”, masculinas, levam acento quando provêm da fusão do “a” preposição com a letra “a” de “aquilo”. Ex: Refiro-me àquilo que você disse na reunião ontem.
69. Disse à você / Disse a você
Não ocorre crase antes de pronome pessoais (eu, você, ele, ela, nós, vocês, eles, elas), uma vez que nenhum deles vem acompanhado do artigo feminino “a”.
70. A vista, a disposição, a beira, a espera, a base / À, à, à, à, à
Sem o acento grave, todas essas expressões são apenas substantivos.
71. Vou à Curitiba, Vou a Bahia / Vou a Curitiba, Vou à Bahia
Quando estiver se referindo a cidades e países, lembre-se: Vou a, volte de… Crase pra quê? Vou a, volta da… Crase há! No exemplo: Vou a Curitiba (porque volto dE Curitiba) vs. Vou à Bahia (porque volto dA Bahia)

e) Descomplicando os porquês

Por fim, um dos mais célebres erros de português é a confusão que se faz entre os porquês. Veja como é mais simples do que parece!
  • Sempre que a palavra “motivo” estiver implícita na expressão, use “por que”. Mesmo que não seja uma pergunta.
  • Caso haja pontuação (ponto final, de exclamação ou interrogação) após, acentue a palavra “quê”, ficando “por quê”.
  • Se é possível substituir por “pois”, use “porque”.
  • Se é possível trocar pela palavra “motivo”, use o substantivo “porquê”.
Exemplo 1: Você não sabe por que [motivo] eu fiz aquilo, e agora me pede que eu explique por quê. Mas eu não irei dizer o porquê! Ainda estou triste porque você me ofendeu.
Exemplo 2: Você fez isso porque me amava? Eu nem sei por que [motivo] eu ainda continuo com você. Eu não sei por quê. Deve ser assim mesmo, a gente nunca sabe o porquê total de continuar amando.

E-mails? Você ainda troca e-mails?

Agora que você deu um importante passo para não cometer mais erros de português em e-mails, é hora de avançar ainda mais. O número de e-mails e a forma como a troca de demandas fica desordenada provavelmente são um pesadelo diário para você e sua equipe. O fim do pesadelo está na contratação de uma ferramenta de gestão de projetos, tarefas e fluxo de trabalho, como o Runrun.it. Experimente grátis e sinta a diferença: http://runrun.it
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

ESCOLHA DO HELICE DE BARCO


Hélices

https://www.nautica.com.br/helices/




Os hélices são responsáveis por transformar toda a energia gerada pelos motores em força para impulsionar o casco, por isso estão para os barcos, como as rodas estão para os carros. Eles influenciam tanto na aceleração quanto no consumo, manobras e principalmente velocidade, porque cabe a eles permitir que os motores atinjam, ou não, as rotações máximas indicadas pelo fabricante. E sem hélices adequados e bem ajustados, de nada adianta ter potência de sobra no motor: o barco renderá mal do mesmo jeito.
Sentiu a importância desse item no seu barco? Por isso NÁUTICA resolve as 10 dúvidas mais comuns quando o assunto é hélice. Confira!
1 – Quantas pás deve ter um hélice para motor de popa?
O número mínimo são duas e, mesmo assim, só veleiros e lanchas de competição usam hélices deste tipo, porque, quanto menos pás, maior a eficiência, mas também maior a vibração e mais lenta fica a aceleração. Para simples passeios, o ideal são os de três pás.
2 – Qual o melhor tipo de hélice para puxar um esquiador?
Lanchas para esqui devem ter hélices com quatro ou cinco pás e que ficam totalmente submersas na água, para melhor arrancada e mais maciez na navegação. Mas saiba que muitos modelos de quatro pás geram de 50 a 100 rpm a menos que as de três, com o mesmo passo. Portanto, ganha-se de um lado e perde-se do outro.
3 – Qual relação existe entre o passo e o desempenho do barco?
Se o passo for pequeno, a rotação do motor ficará alta demais e a eficiência do hélice será baixa. Mas, se, ao contrário, o passo for grande demais, o esforço do motor aumentará em baixas rotações e a aceleração será ruim. Tanto num caso quanto no outro, o consumo aumenta.
4 – Qual o melhor tipo de hélice para barcos mais pesados?
O mais indicado são os hélices com grande diâmetro e passo pequeno, para ter melhores resultados em baixas velocidades. Se for necessário trocar o hélice por outro de diâmetro maior, mas o espaço for pequeno para isso, uma solução é aumentar o número de pás, para manter a força.
5 – Diminuir o diâmetro e aumentar o passo deixa o barco mais rápido?
Não. O passo não pode ser trocado pelo diâmetro sem que haja perda de eficiência e desempenho.
6 – Qual a relação entre transmissão e desempenho do hélice?
Um hélice quase nunca gira na mesma velocidade do motor, porque isso exige muito mais força para mover o barco. Por isso, existe um sistema de transmissão por engrenagens que faz com que o número de giros do hélice seja menor que o do motor. É a tal “relação de transmissão”, que nos motores de barcos é de cerca de 2:1, ou seja, a cada dois giros do motor, o hélice dá apenas um giro.
7 – Como se calcula a velocidade de um barco pelo passo do hélice?
Para chegar a esse resultado é preciso, primeiro, dividir a rotação máxima indicada para o motor pela relação de transmissão e multiplicar pelo passo do hélice. Digamos que o passo seja 17 polegadas, a rotação 5 750 rpm e a relação de transmissão 1,85:1. Fazendo as contas (5 750 ÷ 1,85 x 17), teremos 52 837,84 polegadas por minuto ou 3 170 270 polegadas/hora. Para converter polegadas em quilômetros, multiplique este valor por 0,0000254 e o resultado será, então, 80,52 km/h — o que, dividido por 1,852, dará a velocidade máxima em nós, de 43,5 nós. Mas, provavelmente, o barco não atingirá esta velocidade na rotação máxima, por causa do slip, ou escorregamento, que todo hélice tem. E para saber qual é o slip, basta calcular a diferença e transformá-la em porcentagem. Para hélices de lanchas rápidas, um slip em torno de 10% é bem aceitável.
8 – A altura do motor tem influência no desempenho do hélice?
O hélice é diretamente afetado não só pela altura do motor como também pelo ângulo de inclinação do trim. Normalmente, quando se ergue o motor, o arrasto diminui e a velocidade melhora. Mas um motor instalado alto demais ou com o trim elevado pode causar ventilação, que acontece quando o hélice está muito perto da superfície, provocando aumento de giro do motor sem que a velocidade suba. A maioria dos hélices ventila durante a aceleração, mas se isso acontecer o tempo todo, é sinal de problemas.
9 – É importante ter hélice reserva a bordo?
Sim, porque navegar com hélice danificado pode comprometer rolamentos, calços e outras partes da propulsão. Mas ter um hélice reserva só é útil para motores de popa. Se a motorização for de centro, a troca será tão complicada que só mesmo um mecânico conseguirá fazê-la. Neste caso, não adianta nem ter um a mais no barco.
10 – É verdade que hidrofólios ajudam a diminuir a ventilação no hélice?
De fato, um hidrofólio instalado na placa antiventilação do motor ajuda a reduzir a ventilação e isso faz com que o barco plane melhor, em rotação mais baixa. Em contrapartida, a velocidade de cruzeiro diminui e o consumo de combustível aumenta um pouco, porque o hidrofólio provoca atrito extra.
E se for um veleiro…O hélice afeta a velocidade de um barco mesmo quando ele navega com o vento!
No caso de veleiros, o hélice pode, muitas vezes, fazer papel de vilão, porque, quando fora de uso, serve apenas para aumentar o arrasto do barco na água. E quanto maiores e mais numerosas forem as pás, pior. Na esmagadora maioria dos veleiros, o hélice é fixo, embora o mais indicado sejam os modelos com pás dobráveis, justamente para diminuir o arrasto quando a navegação estiver sendo a vela. Em condições normais de uso, os hélices de duas pás tendem a ser mais eficientes na relação benefício/prejuízo da navegação. Mas, em condições adversas, com mar grosso ou motor na aceleração máxima, os de três e quatro pás proporcionam maior impulso. Qual, afinal, é melhor? Bem, depende da situação.
Texto: Regina Hatakeyama

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